Ana Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, enfatizou a necessidade de abordar com cautela a incorporação da inteligência artificial (IA) na elaboração de materiais didáticos. Essa posição surge em resposta ao anúncio da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo de implementar um projeto-piloto que inclui IA na atualização e aprimoramento de aulas digitais para os anos finais do ensino fundamental e médio.
Altenfelder destaca a importância de não diminuir o papel essencial dos professores no processo educativo, contrariando a tendência de vê-los apenas como aplicadores de material didático. Ela relembrou um episódio controverso do ano passado, quando houve uma tentativa de substituir livros didáticos físicos por materiais digitais, que acabou sendo revertida após protestos dos educadores. Este caso reforça a preocupação com decisões que podem não considerar adequadamente o papel dos professores.
O uso de IA, como o ChatGPT, deve ser feito de maneira gradativa, com períodos de testes e ajustes, segundo a pesquisadora. Isso é crucial para assegurar que as novas tecnologias complementem eficazmente o ensino, sem substituir o elemento humano fundamental.
A Secretaria de Educação esclareceu que a IA não substituirá os professores, mas será utilizada para enriquecer o material já produzido com novas atividades e informações, passando por múltiplas revisões pedagógicas. Contudo, a iniciativa enfrenta críticas de sindicatos de professores, como a Apeoesp, cuja presidente, Professora Bebel, vê as tecnologias de informação como auxiliares, mas não substitutas do trabalho docente.
O uso cuidadoso e considerado da IA no ambiente educacional representa um desafio que exige um equilíbrio delicado entre inovação tecnológica e respeito ao papel insubstituível dos professores na formação dos alunos.