As contas externas do Brasil apresentaram um saldo negativo de US$ 4,579 bilhões em março de 2024, conforme dados divulgados pelo Banco Central (BC). Este resultado contrasta com o superávit de US$ 698 milhões registrado no mesmo mês do ano anterior, marcando uma significativa piora nas transações correntes, que incluem compras e vendas de mercadorias e serviços, bem como transferências de renda com outros países.
A deterioração das contas externas foi influenciada principalmente pela redução do superávit comercial, que caiu US$ 4,2 bilhões em relação ao ano anterior. Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, atribuiu essa queda às reduções nos preços internacionais de commodities importantes como soja e petróleo, que são significantes exportações brasileiras.
Além disso, houve aumento nos déficits em serviços e renda primária (pagamentos de juros e lucros e dividendos de empresas), que subiram US$ 660 milhões e US$ 378 milhões, respectivamente.
No mês de março, as exportações brasileiras somaram US$ 28,484 bilhões, uma queda de 14% em relação ao mesmo período de 2023. As importações também diminuíram, totalizando US$ 23,365 bilhões, representando uma redução de 1,9%. Com isso, a balança comercial fechou o mês com um superávit de US$ 5,119 bilhões, menor que o saldo positivo de US$ 9,279 bilhões do ano anterior.
O déficit na conta de serviços aumentou significativamente, chegando a US$ 3,742 bilhões em março, refletindo um crescimento de 21,4% em comparação com março de 2023. Esse aumento é atribuído a altas nas despesas com transporte, aluguel de equipamentos, serviços de propriedade intelectual e serviços de telecomunicação, computação e informação.
Os Investimentos Diretos no País (IDP) em março alcançaram US$ 9,591 bilhões, um aumento de 30,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, marcando o maior IDP para março desde 2012. Em termos acumulados, nos primeiros três meses de 2024, o déficit nas transações correntes foi de US$ 14,398 bilhões, comparado a um saldo negativo de US$ 12,620 bilhões no primeiro trimestre de 2023.
Apesar dos desafios no curto prazo, como a redução das exportações e o aumento do déficit em serviços, o BC mantém uma perspectiva otimista para os investimentos diretos no país, com uma previsão de que eles alcancem US$ 70 bilhões em 2024. Este tipo de investimento é considerado o meio mais saudável de financiar o déficit em conta corrente, pois indica compromisso de longo prazo com o setor produtivo do país.
As reservas internacionais do Brasil estavam em US$ 355,008 bilhões em março de 2024, mostrando uma diminuição em relação ao mês anterior, destacando a dinâmica financeira internacional e doméstica enfrentada pelo país.
O BC continua a monitorar estas variáveis de perto, buscando manter a estabilidade econômica e financeira do Brasil em meio a um cenário global desafiador.
