Mesmo com a chegada do outono, as temperaturas elevadas continuam a preocupar os agricultores em todo o Brasil. Somente em 2024, o país já enfrentou pelo menos quatro ondas de calor significativas em importantes regiões agrícolas. Este cenário desafia o agronegócio brasileiro, especialmente o setor da cana-de-açúcar, que busca estratégias para lidar com as adversidades climáticas.
Arnaldo Antonio Bortoletto, vice-presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Cocaplana), observa que, embora a safra esteja progredindo de maneira satisfatória, há uma preocupação crescente com a cana-de-açúcar plantada há 18 meses. A falta de chuvas pode prejudicar seriamente o desenvolvimento dessas plantações. Bortoletto enfatiza a necessidade de umidade para o crescimento adequado da cana, destacando que até a cana-soca, atualmente em colheita, está sofrendo os efeitos da estiagem prolongada.
A Coplacana, que opera em cinco estados brasileiros, está enfrentando condições climáticas desfavoráveis em todas as regiões. Mesmo em estados como Minas Gerais e Goiás, onde houve alguma precipitação, a demanda por mais água continua alta.
A situação se complica ainda mais com o bloqueio atmosférico nas últimas semanas, que tem concentrado as chuvas no Sul do país, dificultando a distribuição uniforme da umidade para outras áreas. Este fenômeno impede que regiões que necessitam de água recebam a quantidade necessária para manter suas culturas saudáveis.
Bortoletto destaca que o calor excessivo é particularmente prejudicial para culturas sensíveis como a cana-de-açúcar. A exposição solar intensa está fazendo com que as folhas da planta se fechem, um mecanismo de defesa que normalmente não seria necessário em temperaturas mais amenas típicas do outono.
A preocupação com as condições climáticas adversas é generalizada entre os agricultores. As ondas de calor não apenas afetam o crescimento das plantas, mas também podem comprometer a qualidade da produção e reduzir os rendimentos das colheitas. Para mitigar esses efeitos, os produtores estão buscando soluções como o uso de sistemas de irrigação eficientes e práticas agrícolas que conservem a umidade do solo.
No entanto, a dependência de chuvas adequadas continua sendo um fator crítico para o sucesso das safras. Com previsões meteorológicas incertas, a necessidade de estratégias de adaptação e resiliência no agronegócio brasileiro nunca foi tão evidente.