Em Campestre da Serra, no nordeste do Rio Grande do Sul, a Fazenda Clarice se destaca pela tradição e inovação na pecuária de corte. Fundada em 1935, a propriedade acumula mais de 50 anos de experiência no sistema de confinamento, construindo uma história repleta de conquistas.
A Fazenda Clarice foi a primeira no estado a obter a certificação de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) da Embrapa e, desde 2013, implementa a rastreabilidade completa dos seus animais, da produção ao varejo. Esta iniciativa não só fidelizou os consumidores como também garantiu à fazenda o Selo Carne Premium Gaúcha, concedido pelo governo estadual em 2022.
No ano passado, Carlos Roberto Simm, administrador do negócio familiar desde 1990, alcançou um novo marco ao ser reconhecido como Pecuarista-S, uma honraria do programa Plataforma-S da Corteva Agriscience, que destaca as melhores práticas sustentáveis na pecuária.
“Ser convidado para este projeto foi um reconhecimento do trabalho que realizo. A parceria com a Corteva é valiosa porque transforma a fazenda em uma área demonstrativa, permitindo que outros vejam o que estamos fazendo. Não adianta fazer e guardar só para mim”, afirma Carlos, que também preside a Associação dos Produtores Rurais dos Campos de Cima da Serra (Aproccima).
#### Caminho para Carne Carbono Negativo
Com o apoio da Plataforma-S, a fazenda iniciou um projeto para medir o balanço de carbono na propriedade, visando obter o selo de Carbono Negativo. Enquanto a certificação de Carbono Neutro exige que todas as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) sejam compensadas, o selo de Carbono Negativo demanda que a compensação exceda as emissões.
Willian Marchió, consultor da Criatec, explica que a medição da pegada de carbono na fazenda utilizou a ferramenta GHG Protocol, reconhecida internacionalmente. “O resultado mostrou que a Fazenda Clarice está sequestrando 60 toneladas de carbono equivalente por ano, produzindo carne dentro de um sistema de carbono negativo”, destaca.
Carlos observa que, embora a fazenda já trabalhasse na redução de carbono, a medição revelou todos os fatores que contribuem para o sequestro ou emissão de carbono na propriedade. “Essa parceria com a Corteva e o estudo científico são fundamentais para adotarmos medidas que melhorem ainda mais nosso sistema”, acrescenta.
#### Pastagem Produtiva e Sustentável
O sucesso no sequestro de carbono é resultado de tecnologias implementadas na fazenda, principalmente a reforma e recuperação de pastagens. Com 1.900 hectares e um rebanho de 1.200 cabeças de gado, a Fazenda Clarice valoriza seus campos nativos. “Estimular o desenvolvimento de gramíneas e leguminosas aumenta a oferta forrageira e o sequestro de carbono. A Corteva contribui com herbicidas seletivos que controlam plantas daninhas e promovem o crescimento de plantas úteis”, explica Carlos.
#### Tecnologia em Áreas de Difícil Acesso
A relação da fazenda com a Corteva começou há cerca de dois anos, com uma área destinada à pesquisa e testes de controle de plantas daninhas. “Usamos herbicidas da Corteva em áreas de difícil acesso, onde não é possível pulverizar com trator. O resultado foi excelente, e já planejamos usar drones para semear nessas áreas, duplicando a capacidade de campo”, relata Carlos.
O engenheiro agrônomo Wagner Bolsato, representante da Corteva em Caxias do Sul, destaca a satisfação de trabalhar com produtos eficientes e sustentáveis. “A gratidão dos pecuaristas com os resultados dos produtos é muito gratificante”, comenta.
Elodir Schernoski, outro representante da Corteva, acompanhou a medição de carbono e reforça que a eficiência das tecnologias aumenta a produtividade das pastagens e o sequestro de carbono. “Quanto mais produtiva a fazenda, mais eficiente é no sequestro de carbono”, afirma.
#### Compromisso com Tecnologias Sustentáveis
A Fazenda Clarice adota diversas tecnologias sustentáveis previstas no seu Plano Diretor da Propriedade Rural, que engloba 45 áreas de conhecimento com ações até 2030. Entre elas, o bem-estar animal, plantio direto, Integração Lavoura-Pecuária e cultivos de inverno. Segundo Marchió, a fazenda possui um estoque excedente de reserva legal significativo, que poderia compensar emissões por 111 anos.
#### Compartilhando Experiências
Carlos busca compartilhar sua experiência para beneficiar outros produtores, como fez em uma reunião recente do Clube de Integração e Troca de Experiência (CITE). “Nosso diferencial é que participamos de um programa associativista que organiza e melhora a cadeia da carne bovina”, enfatiza Carlos.
Marchió acredita que divulgar o projeto é crucial para desmistificar a ideia de que a pecuária é poluidora. “A agropecuária brasileira é de alto nível e repleta de ações sustentáveis. Conseguimos sequestrar carbono e manter uma pecuária sustentável”, conclui.
