11/06/2024 às 17h13min - Atualizada em 11/06/2024 às 17h13min

Tecnologia Inovadora Utiliza Mel para Extração Sustentável de Compostos do Cacau

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um método revolucionário para extrair teobromina e cafeína das cascas das amêndoas de cacau, utilizando mel de abelhas sem ferrão como solvente. Esse processo inovador é mais eficiente e sustentável do que os métodos tradicionais, que frequentemente dependem de solventes prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.

As cascas de cacau são ricas em teobromina e cafeína, dois compostos com aplicações em alimentos e cosméticos. No entanto, os métodos convencionais de extração são complexos, demorados e utilizam solventes tóxicos. A nova técnica, liderada por Felipe Sanchez Bragagnolo, utiliza mel de abelhas sem ferrão (Melipona quadrifasciata, conhecida como mandaçaia) em um processo de extração assistida por ultrassom de alta intensidade. Esse método elimina a necessidade de solventes orgânicos nocivos, simplificando e acelerando a extração.

Bragagnolo, que se dedica à meliponicultura como hobby, conduziu o projeto com o apoio de Monique Martins Strieder e Leonardo Mendes de Souza Mesquita, sob a supervisão de Maurício Ariel Rostagno. O grupo recebeu financiamento da Fapesp para suas pesquisas.

"A inovação que propomos oferece um método mais sustentável e eficiente, que não apenas elimina o uso de solventes prejudiciais, mas também simplifica o processo de extração, reduzindo o tempo necessário", afirma Rostagno, agrônomo e inventor de 17 patentes.

Rostagno possui um mestrado em ciência de alimentos pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), um mestrado em vitivinicultura e um doutorado em química pela Universidade de Cádiz, na Espanha.

### Valorização dos Resíduos Agrícolas

Os resíduos agrícolas, frequentemente descartados ou subutilizados, estão sendo cada vez mais reconhecidos como fontes valiosas de compostos. A teobromina, um estimulante do sistema nervoso central, é o principal composto presente no cacau, com efeitos similares aos da cafeína.

"Tradicionalmente, esses resíduos são descartados, mas ao extrair esses compostos, não só reduzimos o volume de resíduos agrícolas, como também promovemos a economia circular e mitigamos o impacto ambiental do desperdício", explica Mesquita, professor associado na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA-Unicamp).

Um dos princípios da química verde é eliminar solventes tóxicos e contaminantes dos processos e produtos. "Embora solventes como metanol, acetona e hexano sejam permitidos, eles deixam resíduos nos alimentos que podem ser prejudiciais à saúde", alerta Rostagno.

O mel de abelhas sem ferrão, além de ser um solvente natural, possui propriedades antibacterianas, antioxidantes e nutritivas, enriquecendo o produto final com benefícios únicos para uma variedade de aplicações.

### Ampliação da Eficiência e Sustentabilidade

A técnica de extração assistida por ultrassom, aliada ao uso do mel de abelhas sem ferrão, aumenta a eficiência do processo, resultando em extrações mais rápidas e com maior rendimento de teobromina e cafeína. "Além disso, o extrato final não requer secagem, simplificando ainda mais o processo", destaca Rostagno.

O uso do mel da abelha mandaçaia também oferece vantagens de marketing, valorizando a biodiversidade local e conferindo autenticidade aos produtos. "Essa abordagem contribui para a diferenciação e autenticidade dos produtos, promovendo a sustentabilidade e a eficiência na extração de compostos valiosos", conclui Rostagno.

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