Pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram uma técnica inovadora para criar bioplásticos a partir de cascas de banana. Utilizando um processo simples e ecológico, que emprega apenas água ou uma solução ácida diluída, os cientistas transformaram essas cascas em filmes plásticos com propriedades antioxidantes e proteção contra radiação ultravioleta (UV), sem gerar resíduos.
A cadeia produtiva da banana gera uma grande quantidade de subprodutos, como as cascas, que frequentemente são descartados, resultando em problemas ambientais. Segundo os pesquisadores, para cada tonelada de banana processada, podem ser gerados até 417 kg de cascas. Aproveitar esses resíduos para produzir bioplásticos é uma oportunidade de reduzir o lixo e valorizar a biomassa residual.
Rodrigo Duarte Silva, engenheiro químico que desenvolveu o filme durante seu pós-doutorado, explica que a casca de banana contém compostos bioativos, como fenólicos e pectina, que são essenciais na produção de filmes biodegradáveis. O filme resultante é amarronzado e de espessura micrométrica, adequado para embalagens primárias de produtos suscetíveis à oxidação.
### Propriedades e Vantagens dos Filmes de Casca de Banana
Os filmes bioplásticos desenvolvidos a partir das cascas de banana mostraram desempenho igual ou superior aos bioplásticos tradicionais, incluindo aqueles produzidos com processos mais complexos e caros. Eles possuem excelentes propriedades mecânicas, comparáveis às do polietileno de baixa densidade (PEBD), e bloqueiam mais de 98% da radiação UVA e 99,9% da radiação UVB, protegendo alimentos da deterioração oxidativa.
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo, pesquisadora da Embrapa, destaca que os filmes mantêm pelo menos 50% da atividade antioxidante da matéria-prima original. O branqueamento das cascas ajudou a preservar os compostos fenólicos, enquanto algumas superfícies dos filmes apresentaram características hidrofóbicas, repelindo moléculas de água.
### Perspectivas Futuras
Os pesquisadores pretendem continuar os estudos para otimizar as propriedades dos filmes e desenvolver a produção em escala piloto, tornando o processo mais viável industrialmente. Azeredo enfatiza que a produção de bioplásticos de casca de banana é uma alternativa promissora para embalagens de alimentos, contribuindo para a transição para uma bioeconomia circular. Esses bioplásticos podem ajudar a reduzir o desperdício de alimentos e prolongar sua vida útil, graças às suas propriedades antioxidantes e de barreira à luz.
Este avanço tecnológico não só valoriza um resíduo agrícola subutilizado, mas também promove a sustentabilidade e a inovação na indústria de embalagens, representando um passo importante na redução do impacto ambiental dos plásticos não biodegradáveis.
